Visita IV - 26/04/2018 - Hospital Psiquiátrico São Pedro

O Hospital Psiquiátrico São Pedro, inaugurado em 1884, foi a primeira instituição psiquiátrica do Estado do Rio Grande do Sul, sua criação fez parte do saneamento social de Porto Alegre. 
Em visita, fomos recepcionados no anfiteatro, onde a responsável pelo CIAPS, Sra. A, nos apresentou a instituição repassando alguns dados. O Hospital, possui hoje 100 pessoas em moradia, alguns estão há 15 ou 20 anos albergados, divididos em 4 moradias, com equipes multidisciplinares. A forma de entrada se dá pelo SAT - acolhimento - central de leitos. Os principais motivos de entrada são drogadição, tentativas de suicídio, psicose, automutilação (geralmente ligada a violência, abuso e negligência). Possui unidades voltadas ao uso de álcool e drogas, oficina de artes, onde nas palavras da Sra. A: "a dor é transformada em arte". 
Visitamos a morada Ana Freud, onde foi possível observar alguns moradores, na maioria não ficaram muito satisfeitos com nossa presença. Havia uma senhora fazendo pinturas manuais, dispondo sobre a mesa, inúmeros desenhos, praticamente iguais, outras estavam simplesmente sentadas em suas cadeiras. Um delas agitou-se bastante, dizendo algumas palavras, que lhe saiam da alma, e entravam na minha. Uma energia pesada, uma música ambiente, que não se encaixava com o ambiente. A sensação geral, lembra ao menos desconforto. Seus corpos estavam bem cuidados, mas não vislumbra-se vida naqueles olhares. Mentes distantes, perdidas, se perderam, num mundo antigo de preconceitos e meios motivos para serem excluídos. Visitamos também o museu, e o quadro pintado em homenagem a inauguração, por si só já é impactante o suficiente, descrever a cena, não cabe no contexto, porém, cabe dizer que ali estava a sociedade da época, representada com toda sua pompa, e soberba. Cada aparelho utilizado nos tratamentos, cada foto, cada descrição de tratamento, geram certa confusão, uma descrença de que realmente se acreditava que fossem formas adequadas de tratamento, e ao mesmo tempo, buscando contextualizar a época, e a sociedade em que os fatos se deram. Dois pensamentos, foram recorrentes, o de desvendar os mistérios da mente humana e o de quão cruel e excludente o ser humano consegue ser com o diferente, com  o desconhecido.




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