Visita VIII - 08/06/2018 - Geração POA
O Geração POA é uma organização governamental, voltada para o eixo de reabilitação psicossocial, de pessoas com sofrimento psíquico.
A reabilitação psicossocial, tem em
Saraceno um de seus principais representantes,
destina-se a aumentar as habilidades da pessoa,
diminuindo as deficiências e os danos da experiência
do transtorno mental. Tal noção de reabilitação se
baseia em importante distinção terminológica proposta
pela Organização Mundial da Saúde:
“Doença
ou Distúrbio (condição física ou mental percebida
como desvio do estado de saúde normal e descrita
em termos de sintomas e sinais); Dano ou Hipofunção
(dano orgânico e/ou funcional a cargo de uma
estrutura ou função psicológica, fisiológica ou
anatômica); Desabilitação (disabilitá, limitação ou
perda de capacidades operativas produzidas por
hipofunções); Deficiência (desvantagem,
conseqüência de uma hipofunção e/ou desabilitação
que limita ou impede o desempenho do sujeito ou
das capacidades de qualquer sujeito)".
Com a entrada da Lei de reforma psiquiátrica, passa-se a aplicar os conceitos psicossociais inerentes ao contexto substitutivo à saúde mental, abandonando o modelo organicista e de asilamento. O Geração POA, atua nesse modelo de local de trabalho e convivência fora do local de atendimento.
Os usuários do Geração, são encaminhados pela rede de saúde, a partir dos 16 anos. Ali são desenvolvidas oficinas de trabalho, com confecção de papel artesanal, vela, costura, confecção de materiais estilizados para Teatro São Pedro e Cine Capitólio, além do grupo de expressão e arte. e a confraria da foto.
Na visita, fomos acolhidos pela responsável que nos apresentou o Projeto e seu funcionamento, que conta hoje com 3 terapeutas ocupacionais e 2 psicólogos, os trabalhos são interdisciplinares e em duplas.
As atividades são voltadas para o trabalho e convivência, ao todo 120 usuários, onde a construção de atuação é feita com o indivíduo, conforme o que ele busca.
São recebidos também, usuários de álcool e drogas, cuja demanda de jovens tem aumentado, muitas vezes com problemas de memória, devido a estes usos ou medicação. Cada um faz aquilo que consegue, os valores arrecadados com a comercialização, é dividido para pagar os custos do material, e por cotas de presença. As técnicas de trabalho são repassadas por eles.
O Projeto promove eventos, buscando levá-los para a cidade e trazer a população para perto deles.
A ideia é sempre ver o trabalho como potencializador de vida e não como gerador de doenças.
A visita nos proporcionou uma experiência muito gratificante, pois permitiu que víssemos mais de perto, as pessoas com sofrimento mental e o quanto elas podem ser independentes e conviver com as dificuldades, não se restringindo a doença, e sim aceitando e convivendo com as limitações, suprindo de outras formas as lacunas que experimentam.
Saraceno B. Libertando identidades: da reabilitação
psicossocial à cidadania possível. 2ª ed. Rio de Janeiro (RJ):
Te Corá/Instituto Franco Basaglia; 2001.
Comentários
Postar um comentário